terça-feira, 28 de junho de 2011

JESUS COMO O RESTAURADOR DO ARREPENDIDO (João Cap. 21)

     O capítulo final mostra Cristo como o Mestre de nosso serviço e o Amigo dos pecadores. Se não houvesse esse capítulo, não saberíamos o que aconteceu entre Pedro e o Senhor e se realmente resolveram ou não a questão a respeito da desobediência dele.

  1. UMA NOITE DE DERROTA (21.1-3)
Pedro, sem receber nenhuma ordem nesse sentido, voltou à pescaria. Ele abandonou de vez o seguir Cristo (Lc. 5.1-11) e, agora, voltava à antiga vida. Tudo nessa cena fala de derrota: (1) está escuro, o que indica que não caminhavam na luz; (2) eles não tiveram uma palavra direta do Senhor; (3) não conseguiram nada com seu esforço; (4) eles não reconheceram a Cristo quando este apareceu, o que indica que a visão espiritual deles estava obscurecida. Pedro, ao tomar uma decisão precipitada, fez com que outros seis homens também errassem. A má influência é algo muito ruim. Temos de lembrar que Deus nos abençoa apenas quando permanecemos em Cristo e obedecemos à Palavra. “Sem mim nada podeis fazer” (15.5). Muitos cristãos empreendem atividades que contrariam a Bíblia, embora sejam bem-intencionados, e só perdem tempo, dinheiro e energia por nada. Sejamos pacientes. É melhor esperar a orientação do Senhor e, assim, receber sua bênção, que nos envolvermos por conta própria em atividades inúteis.

  1. UMA MANHÃ DE DECISÕES (21.4-7)
A luz começa a brilhar quando Cristo entra em cena. Da praia, ele os instrui, assim, eles pegam uma quantidade enorme de peixe! Poucos minutos de atividades sob o controle de Cristo realizam muito mais que uma noite inteira de esforço carnal! É interessante comparar esse milagre com o do início da carreira de Pedro relatado em Lucas 5.

LUCAS 5
1.        Após uma noite de fracasso
2.        Não informa a quantidade exata de peixes que pescaram
3.        As redes começam a quebrar
4.        Cristo dá instruções do barco.
            JOÃO 21
1.        Após uma noite de fracasso
2.        Pescaram 153 peixes (v. 11)
3.        A rede não se rompe
4.        Cristo dá instruções da praia

             Vejo nessas cenas um retrato da igreja hoje (Lc. 5) e do fim desta era, quando Cristo retornar (Jo. 21). Hoje, lançamos a rede do evangelho, no entanto ela se rompe muitas vezes, e não sabemos quantas almas realmente ganhamos, o que gera um sentimento de fracasso. Todavia, saberemos o número exato de almas ganhas quando Cristo retornar, e nenhuma será perdida. Hoje, muitos pescadores e barcos participam da pescaria, mas, quando ele retornar, veremos uma só igreja e todos os redimidos em uma só rede de evangelho.
            Na verdade, esse capítulo apresenta muitos milagres além da pescaria. Pedro recebe uma força milagrosa que o capacita a puxar uma rede que sete homens juntos não conseguem lançar (vv. 6, 11).
            É surpreendente a rede não se romper. Com certeza, a refeição matinal de peixes cozidos na brasa e pão foi suprida de forma milagrosa. O desígnio da cena toda era despertar a consciência de Pedro e abrir seus olhos. A pescaria lembrou-o de sua decisão anterior de abandonar tudo e seguir a Cristo. As brasas do carvão o levaram de volta à sua negação (Jo. 18.18). A localização – mar da Galiléia – lembrou-o de várias experiências passadas com Cristo: a Alimentação dos 5 mil, o caminhar sobre as águas, o peixe com a moeda, a tempestade que foi acalmada, etc.
          Como Pedro negou Cristo três vezes em público, ele tinha de corrigir isso publicamente. Observe que Cristo alimentou Pedro antes de lidar com o pecado dele. Só o Senhor é capaz de nos abençoar primeiro, para depois lidar conosco! A questão era o amor de Pedro por Cristo (v. 15-17).
          A vida do homem que realmente ama Cristo é devotada e dedicada. Veja que Cristo dá um novo comissionamento a Pedro: agora, além de ser um pescador de homens, ele é um pastor. (veja 1 Pe. 5). Agora, ele é o pastor das ovelhas e alimenta-as com a Palavra de Deus. Espera-se que todos os cristãos sejam pescadores de homens (ganhadores de almas), mas alguns são chamados para o ministério especial de pastorear o rebanho. Não há nada de bom em ganhar o perdido se não houver uma igreja que possa alimentá-lo e cuidar dele.

  1. UM DIA DE DEDICAÇÃO (21. 18-25)
Há uma grande diferença entre filiação (ser salvo) e discipulado (seguir o Senhor). Nem todos os cristãos são discípulos. Pedro não perdeu  sua filiação quando pecou, mas afastou-se de seu discipulado. Por isso, Cristo repetiu seu chamado: “Segue-me”. Cristo também confronta Pedro com a cruz (v. 18), uma indicação de que Pedro também seria crucificado. (Veja 2 Pe. 1.12-14). Temos de tomar a nossa cruz antes de seguir a Cristo. Essa ordem assume um novo significado quando lembramos que, antes, Pedro tentara afastar Cristo da cruz (Mt. 16.21-28).
Mais uma vez, Pedro comete um erro trágico: ele desvia seus olhos do Senhor e começa a olhar os outros, nesse caso João. Devemos manter nosso olhar apenas em Cristo se quisermos segui-lo (Hb. 12.1-2). Não é “da nossa conta” como Cristo lida com os outros cooperadores; nossa tarefa é seguir a Cristo e lhe obedecer. (veja Rm. 14), para saber como devemos nos relacionar com os outros cristãos).
João termina seu evangelho com a afirmação de que, se escrevesse tudo que Cristo fez na vida, o mundo seria pequeno para a quantidade de livros necessários para o relato. Os quatro evangelhos não são “vidas de Cristo”, mas quatro retratos de Jesus com ênfase em aspectos distintos. João diz que seria impossível relatar sua vida completa.
Não leríamos a respeito de Pedro em Atos 1, se, em João 21, ele não tivesse se encontrado com o Cristo, confessado seu pecado e afirmado seu amor. Mais tarde, Deus pôde usar Pedro, porque se endireitou com o Senhor. Cristo abençoa e usa os que o seguem.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

JESUS COMO O CONQUISTADOR DA MORTE (João Cap. 20)

Esse capítulo registra três aparições de Cristo pós-ressurreição. Cada aparição trouxe um resultado diferente na vida dos envolvidos.

1. MARIA VIU O SENHOR (20.1-18)
Cristo expulsou sete demônios de Maria Madalena (Lc. 8.2), e ela o amava com ternura. Maria Madalena, em sua confusão e desapontamento, apressou-se em tirar conclusões e pensou que alguém roubara o corpo de Cristo. Ela correu para contar a Pedro e João, que, por sua vez, foram até a sepultura.
O que fez João passar à frente de Pedro (v. 4)? Talvez houvesse uma razão física: João era mais jovem que Pedro. Contudo, também há uma lição espiritual aqui: Pedro ainda não reafirmara sua devoção a Cristo, e, por isso sua “energia espiritual” estava baixa. Isaías 40.31 afirma  que os que esperam no Senhor “correm e não se cansam”. O pecado de Pedro afetou seus pés (v. 4), seus olhos (Jo. 21.7), seus lábios (ele negou o Senhor) e até a temperatura de seu corpo (Jo. 18.18; e veja Lc 24.32.
O que os homens viram na sepultura? Eles viram os lençóis fúnebres com a forma do corpo, no entanto o corpo sumira! As vestes fúnebres repousavam como um casulo vazio. O lenço (para o rosto) estava separado do resto. Não era a cena de uma sepultura roubada, pois nenhum ladrão conseguiria tirar o corpo das vestes sem rasga-las nem desarrumar as coisas. Jesus retornara à vida em glória e em poder e passara através das vestes fúnebres e da própria sepultura! O v. 8 relata que os homens acreditaram na ressurreição por causa das evidências que encontraram. Mais tarde, eles encontram Cristo pessoalmente e crêem também nos testemunhos das Escrituras. Assim, em relação aos assuntos espirituais, há três tipos de provas em que se fundamentar: (1) a evidência que Deus fornece em sua Palavra; (2) a Palavra do Senhor; e (3) a experiência pessoal. Como o homem sabe que Cristo é real? Ele pode ver as evidências na vida dos outros, ler a Palavra e, se crer em Cristo, vivenciará isso pessoalmente. No v. 10, observe que eles voltam para casa sem proclamar a mensagem da ressurreição de Cristo. Apenas as simples evidências intelectuais não mudam as pessoas. Precisamos encontrar Cristo pessoalmente.
Foi isso que aconteceu com Maria Madalena: ela demorou-se e encontrou Cristo. Muitas vezes vale a penas esperar! (Veja Pv. 8.17). Ela viu dois anjos na sepultura, mas estava tomada pela dor para deixá-los confortá-la. No v. 12, a descrição dos anjos lembra-nos o propiciatório do Santo dos Santos (Êx. 25.17-19); agora, a ressurreição de Cristo é nosso propiciatório no céu. Maria Madalena deu as costas aos anjos, pois procurava Cristo; ela preferia ter o corpo de Cristo à visão do anjos! A seguir, ela viu uma pessoa, mas seus olhos estavam cegos, e não reconheceu Cristo. No v. 15, a palavra “supondo” explica toda a dor que ela sentia. Hoje, muitos cristãos são infelizes porque “supõem” algo que de forma alguma é verdade. Ela reconheceu Jesus quando ele disse seu nome. Ele chama o seus pelo nome (Jo. 10.3,4), e eles conhecem sua voz. Veja Isaías 43.1.
O v. 17 sugere que, no início da manhã do domingo de Páscoa, Cristo ascendeu ao céu a fim de apresentar sua obra terminada ao Pai. Essa ascensão secreta cumpre o tipo de sacrifício discutido em Lv. 23.1-14, o movimento das “primícias” no dia seguinte ao sábado (veja 1 Co. 15.23). O encontro de Maria Madalena com Cristo transformou-a.

2. OS DISCÍPULOS VÊEM O SENHOR (20.19-25)
Essa é a segunda menção ao “primeiro dia da semana” (20.1,19). O primeiro dia da semana é o domingo, não o sábado (o sabá judeu, o sétimo dia da semana). O sábado destina-se ao descanso após o trabalho e pertence à dispensação da Lei. O domingo é o Dia do Senhor, o primeiro dia da semana, e fala da vida e de descanso antes do trabalho. Lembra-nos a graça de Deus. Cristo atravessou a porta fechada em seu corpo glorificado e levou paz aos homens amedrontados. Observe que ele fala de paz duas vezes (vv. 19,21). A primeira “paz” refere-se à paz com Deus, fundamentada no sacrifício dele na cruz. Por isso, ele mostrou a eles suas mãos e o lado de seu corpo. A segunda trata-se da paz de Deus que vem da presença dele conosco (veja Fp. 4). Ele comissiona-os a assumir o lugar dele como embaixadores de Deus no mundo (veja Jo. 17.15-18).
O sopro do Senhor sobre eles lembra Gen. 2.7, em que Deus soprou vida em Adão, e 2 Tim. 3.16, que “inspirada” significa “sopro de Deus”. Essa ação foi pessoal e individual e deu-lhes a força e o discernimento espirituais que precisariam para cumprir seu comissionamento. Em Pentecostes, a vinda do Espírito foi corporativa e capacitou-os para o serviço e o testemunho. No v. 23, o poder de perdoar pecados, dado aos discípulos, não se aplica aos cristãos de hoje, a não ser no sentido de que retemos ou impedimos o pecado à medida que apresentamos o evangelho ao pecador. No Novo Testamento, não há nenhum exemplo de perdoar pecado feito por qualquer apóstolo. Pedro (At. 10.43) e Paulo (At. 13.38) falam sobre a autoridade de Cristo. Não há dúvida de que os discípulos tinham privilégios especiais, mas nós não temos esses direitos hoje.

         3. TOMÉ VIU O SENHOR (20.26-31)
Tomé não estava presente no primeiro encontro com o Senhor. Quantas coisas perdemos ao não irmos à congregação local. Observe a afirmação e Tomé: “Se eu não vir ... de modo algum acreditarei” (v. 25). Chamavam-no Dídimo, que significa “gêmeo”. Ele tem muitos pares hoje.
No Dia do Senhor, o seguinte após a ressurreição, “passados oito dias”, Jesus apareceu quando os discípulos estavam reunidos e dirigiu-se a Tomé. Que amor perdoador demonstrou por ele! Tomé viu o Senhor e fala com ele (v. 27). O testemunho dele é emocionante: “Senhor meu e Deus meu!”. A visão das feridas de Cristo ganhou seu coração. Cristo afirma que você e eu temos a mesma garantia e benção, pois estamos entre os que crêem nele, embora não o tenhamos visto.
Você vê os diferentes resultados dessas três aparições de Cristo à medida que as revê. Com Maria Madalena, a questão era seu amor por Cristo. Ela sentia saudades dele e queria cuidar de seu corpo. Com os discípulos, trata-se da esperança deles. Eles perderam toda a esperança e se trancaram em uma sala com medo! Com Tomé, o problema era a fé: ele não acreditaria sem ver as provas. Nossa fé está segura porque Jesus Cristo está vivo hoje. “E, se Cristo não ressuscitou, é vã a vossa fé” (1 Co. 15.17). Mantemos a esperança viva por causa de sua ressurreição. Primeira aos Coríntios 15.19 afirma: “Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida, somos os mais infelizes de todos os homens”.
Nos vv 30 e 31, João afirma o objetivo de seu evangelho: os pecadores devem crer e ter vida eterna por intermédio de Cristo. À medida que lemos esse evangelho, encontramos muitas pessoas que creram e ganharam vida eterna: (1) Natanael (1.50); (2) os discípulos (2.11); (3) os samaritanos (4.39); (4) o oficial do rei (4.50); (5) o cego que foi curado (9.38); (6) Marta (11.27); (7) os judeus que viram Lázaro ressuscitar (12.11); e (8) Tomé (20.28). Todos eles deram o mesmo testemunho: “Eu creio”.

sábado, 11 de junho de 2011

JESUS COMO O SALVADOR CRUCIFICADO (João Cap. 19)

  1. ZOMBAM DE CRISTO (19.1-22)
Talvez Pilatos pensasse que açoitar Cristo (o que era ilegal) comovesse o coração das pessoas e, assim, estas o quisessem libertar depois disso. No entanto, elas tinham coração duro (12.40) e estavam determinadas a destruí-lo. Pilatos errou ao permitir que os soldados ridicularizassem Cristo pondo nele uma coroa, um manto e “na mão direita, um caniço” (Mt. 27.29). Compare essa cena com Ap. 19.1-21, em que todo joelho se dobrará diante dele.

Os judeus o acursaram de quebrar a lei porque afirmou ser Deus (veja 10.33). No entanto, Jesus provou ser o Senhor em seus milagres e em suas mensagens. Todavia, os pecadores de coração endurecidos estavam determinados a eliminá-lo e negaram-se a examinar as evidências.
No v. 9, por que Cristo não responde à pergunta de Pilatos? Porque Pilatos não obedeceu à verdade que já recebera, e Deus não revela mais verdade até que obedeçamos ao que já nos deu. No v. 10, a ostentação de Pilatos foi, na verdade, sua sentença de condenação! Ele devia ter libertado Cristo, pois tinha autoridade para isso e sabia que ele era inocente (19.4)! Cristo repreende Pilatos ao lembrá-lo de que toda autoridade vem de Deus (veja Rm. 13.1ss e Pv. 8.15-16). Pilatos estava nas mãos de Deus para cumprir um propósito especial, mas ainda assim foi responsável por sua decisão e pecou. (Veja Lc. 22.22). A frase “Quem me entregou a ti” (v. 11) refere-se a Caifás, não a Judas.
Eles clamaram: “Não temos rei, senão Cesar!” (v. 15). Em 6.15, os judeus queriam fazer de Cristo o rei deles e, em 12.13, eles o aclamaram como rei, mas agora o rejeitam. Essa é a terceira crise do evangelho de João. O crucificam (19.13-22).  (Crise nº 1 -> eles não caminham com ele (6.66,67). Crise nº 2 -> eles não acreditam nele (12.12-50)).
Pilatos tinha “a última palavra”, pois escreveu o título para a cruz: “JESUS NAZARENO, O REI DOS JUDEUS”. Os romanos costumavam pendurar uma placa no pescoço do prisioneiro, com o motivo da acusação, que depois pregavam na cruz, acima da cabeça dele. O “crime” de Cristo foi declarar-se rei! As três línguas em que foi escrito o título representavam as três grandes áreas da vida humana: religião (hebraico), filosofia e cultura (grego) e lei (latim). O título fala do pecado universal, pois as três maiores nações do mundo participaram da morte dele.
A religião, a filosofia e a lei não salvam o pecador perdido. O título também fala do amor universal – “Deus amou o mundo de tal maneira”. Além disso, o título anuncia a salvação para todo o mundo, pois Cristo é a sabedoria de Deus para os gregos, o poder dele para os judeus e a justiça dele cumpre sua lei santa (1 Cor. 1.18ss). O ladrão arrependido leu esse título, confiou em Cristo, e foi salvo.

  1. CRUCIFICAM A CRISTO (19.23-30)
João registra apenas três das sete declarações que Cristo fez do alto da cruz. Ele é cuidadoso na observação do cumprimento das Escrituras: no sorteio da túnica tecida sem costura (Sl. 22.18), no vinagre que lhe dão para beber (Sl. 69.21) e na ferida que lança do lado sem quebrar  qualquer osso (Sl. 34.20 com Êx. 12.46; Zc. 12.10). No entanto, observe que o v. 37 não diz que se cumpriu Zacarias 12.10, mas que essa passagem afirmava que ele seria traspassado. “Eles verão” em  um dia futuro, quando ele retornar em glória (Ap. 1.7). Deus cuidou de cada detalhe da crucificação.

Cristo, por fim, rompeu todos os seus laços familiares terrenos quando entregou Maria a João um ao outro. Foi Cristo quem controlou a situação, não Maria. Admiramos a devoção de Maria em ir até a cruz (Lc. 2.34,35). O silêncio dela prova que Jesus é Filho de Deus, pois uma palavra dela poderia salvá-lo. Afinal, quem conhece uma pessoa melhor que a mãe que o carregou no ventre?
A frase “Tenho sede” fala da agonia física e espiritual de Cristo, pois ele sofreu o tormento do inferno por nossos pecados. Ele sentiu sede para que nunca a sintamos. No texto grego, a frase “Está consumado” corresponde a uma palavra, tetelestai. Era uma palavra comum que os negociantes usavam para dizer: “O preço está pago”. Os pastores e os sacerdotes a usavam quando encontravam uma ovelha perfeita, pronta para sacrifício, e Cristo morreu como o Cordeiro perfeito de Deus. Os sacerdotes usavam essa palavra para dizer aos senhores que haviam terminado o trabalho. Cristo, o Servo perfeito, terminara a obra que o Pai lhe dera. Cristo abriu mão de sua vida de boa vontade e, de propósito, entregou-a em favor de seus amigos.

  1. SEPULTAM A CRISTO (19.31-42)
Os judeus não estavam interessados em compaixão ou no horror de seus crimes; queriam apenas impedir a violação de suas leis sabáticas! O fato de os soldados não quebrarem as pernas de Cristo para apressar sua morte comprova que ele já estava morto. O sangue e a água simbolizam dois aspectos da salvação: o sangue para a expiação da culpa do pecado, e a água para lavar a mancha do pecado. O sangue fala de justificação, e a água, de santificação. Os dois devem sempre andar juntos, pois os que crêem no sangue de Cristo para salvá-los devem levar uma vida pura diante do mundo que nos vigia.
Pelo v. 35, deduzimos que João deixou Maria na casa dele e voltou para a cruz. Ficar com Cristo era mais importante que cuidar de Maria. No evangelho de João, a primeira vez que vemos Maria, ela está em uma alegre festa de casamento (2.1-11); na última, na dolorosa expiação de Jesus.
Deus preparou Nicodemos e José de Arimatéia, dois membros do Sinédrio, para sepultar o corpo de Jesus. Se não, provavelmente jogariam seus corpo no monte de lixo do lado de fora de Jerusalém. (Is. 53.9) prometeu que sua sepultura seria entre os ricos. Essa é a terceira e última menção que João faz a Nicodemos, e, por fim, o vemos confessar Cristo, pública e corajosamente. É evidente que Nicodemos saiu das trevas e, no fim, tornou-se um cristão que nasceu de novo. Em João 3, vemos Nicodemos nas trevas da confusão; em João 7.45-53, o vemos na aurora da convicção, disposto a dar-lhe uma audiência justa; e em João 19.38-42, Nicodemos está na plena luz da confissão e identifica-se abertamente com Cristo. Entendemos que Nicodemos e José sabiam quando Jesus morreria. Como e onde isso aconteceria. Eles já tinham a sepultura e os bálsamos, prontos, provavelmente escondidos na sepultura enquanto Jesus  estava na cruz. José não preparou essa sepultura para si mesmo, pois um homem rico não quereria ser sepultado perto de onde eram executados os criminosos. Ele adquiriu uma sepultura perto do calvário a fim de poder cuidar com rapidez e com facilidade do corpo de Jesus.
Não devemos criticar José de Arimatéia por ser um “discípulo secreto”, pois vemos como Deus usou, ele e Nicodemos para realizar seus propósitos. O conselho os impediria de cuidar do corpo de Cristo, se a fé deles fosse pública. José e Nicodemos se contaminaram para a Páscoa quando tocaram o corpo morto de Cristo. Todavia, eles não se importaram, pois criam no Cordeiro de Deus!
O Cordeiro de Deus deu a vida pelos pecados do mundo. Sua obra na terra estava terminada, e ele descansou no sábado.

sexta-feira, 3 de junho de 2011

JESUS COMO O SOFREDOR MODELO ( João Cap. 18)

Jesus deixou seu lugar de oração para encontrar-se com seus inimigos. O “ribeiro Cedrom” lembra-nos o rei Davi que foi banido  de seu trono pela rebelião de seus amigos e família e atravessou esse mesmo ribeiro (veja 2Sm 15).

  1. A PRISÃO (18.1-14)
Jesus encontrou Judas e seu grupo de propósito, pois sabia o que estava para acontecer. (Veja 13.1-3 e 6.6. Jesus sempre soube o que faria, pois sempre conheceu o plano do Pai.) É interessante o fato de a prisão acontecer em um jardim. Cristo, o último Adão (1 Co 15.45-47), encontra seu inimigo em um jardim e triunfa, enquanto o primeiro Adão encontrou o inimigo em um jardim e fracassou. Adão escondeu-se, mas Cristo revelou-se publicamente. Veja outros contrastes que encontra nessas duas cenas de jardim à medida que as examina.
Judas ficou com o inimigo. “Uma vez soltos, procuraram os irmãos” (At. 4.23). As pessoas sempre vão para onde está seu coração. Judas tinha Satanás no coração e ficou com o grupo de adeptos deste. É triste dizer que Pedro se misturou ao mesmo grupo! Observe como Jesus aturdiu-os quando usou o termo “Eu sou”,  O mesmo nome que salva os crentes (17.6) condena o perdido.
No v. 8, Jesus aconselha seus discípulos a ir embora a fim de que não tenham problemas. Ele já lhes dissera que se dispersariam (16.32), mas Pedro prefere ficar e lutar – e passa a correr perigo por isso. O pecado de Pedro não foi seguir Jesus de longe, mas segui-lo! Ele deveria ter obedecido à Palavra e partido.
O v. 9 volta a 17.12, em que Cristo falou da salvação dos discípulos. Aqui, ele fala da segurança física deles. Portanto, Cristo guarda-nos de duas maneiras: ele preserva nossa alma em salvação e guarda nosso corpo, selando-o com o seu Espírito até o dia da redenção (Ef. 1.13-14).
Pedro desobedeceu a Cristo de forma clara ao usar a espada. Ele não precisa da nossa proteção, e, para combater Satanás, devemos usar armas espirituais (2 Co 1.4-6; Ef. 6). Pedro usou a arma errada, teve o motivo errado, agiu sob o comando errado e obteve o resultado errado! Como foi gracioso da parte de Jesus curar Malco (Lc. 22.51) e, assim, proteger Pedro de qualquer dano. Caso contrário poderia haver mais uma cruz no Calvário, e Pedro seria crucificado antes do tempo designado por Deus (Jo 21.18-19).

  1. A NEGAÇÃO (18.15-27)
Agora,  a narrativa foca Pedro, e vemos seu triste declínio. No cenáculo, Pedro vangloria-se três vezes de que permaneceria fiel a Cristo (Mt. 26.33, 35; Jo. 13.37. No jardim, ele dormiu três vezes (Mc. 14.32-41), quando deveria orar. Depois, ele negou o Senhor três vezes e, em João 21, ele confessou seu amor por Cristo três vezes! No cenáculo, Pedro caiu na armadilha do diabo (Lc. 22.31-34); no jardim, ele entregou-se à fraqueza da carne; e, agora, no pátio do sacerdote, ele cede à pressão do mundo. Como é importante vigiar e orar!
No v. 15, não sabemos quem é o discípulo citado. Talvez fosse Nicodemos ou José de Arimatéia. Não é provável que João (muitas vezes, chamado de “o outro discípulo” – 20.2,3) estivesse em termos amigáveis com o sumo sacerdote. Veja At. 4.1-3. Seja quem for esse discípulo, ele levou Pedro ao pecado quando abriu a porta para ele! O v. 18 informa que estava “frio”, portanto Pedro sentou perto do braseiro; todavia, Lucas 22.44 afirma que Cristo suou aquela noite enquanto orava! Pedro estava com frio físico e espiritual e aqueceu-se no fogo do inimigo. Ele “andou no conselho dos ímpios” e agora “se detinha no caminho dos pecadores” (veja Sl. 1.1), Cristo sofria, enquanto Pedro se aquecia, mas, não compartilhava o sofrimento do Senhor de forma alguma.

  1. A REJEIÇÃO (18.28-40)
Vemos como a nação era corrupta naquela época pelo fato de haver dois sumos sacerdotes. Anás e Caifás eram sócios no comércio do templo e odiavam Jesus por ter purificado o templo duas vezes.
Tem-se escrito muito a respeito dos aspectos ilegais do julgamento de Cristo. Ele aconteceu à noite; assumiu-se que o prisioneiro era culpado e o trataram como tal; a corte pagou pessoas para dar falso testemunho; o juiz permitiu que maltratassem o prisioneiro; a corte não deu ao acusado o direito  de defender-se. Após o julgamento noturno secreto, os astutos líderes religiosos levaram Jesus até Pilatos para a sentença final de morte. Eles não podiam entrar em uma sala de gentios a fim de não contaminar, mas não hesitavam em condenar à morte um homem inocente!
A passagem de 18.33 a 19.15 apresenta o triste relado da indecisão covarde de Pilatos. Este se dirigiu, pelo menos, sete vezes aos judeus do exterior e aos da sala para tentar um acordo. Pilatos crucificou Cristo porque era um covarde que queria “contentar a multidão” (Mc. 15.15). Quantos pecadores irão para o inferno porque temem as pessoas e tentam agradá-las!
Cristo explicou a Pilatos a natureza espiritual de seu reino, mas não sua afirmação: “O meu reino não é deste mundo”. Ele poderia ter estabelecido seu reino na terra, se os judeus o tivessem recebido. Contudo, eles o rejeitaram, pois seu reino é de natureza espiritual, no coração das pessoas. Ele estabelecerá seu reino sobre a terra quando retornar. Como ansiamos por esse dia abençoado!
Há séculos, os filósofos têm feito a pergunta de Pilatos: “Que é a verdade?”. Em 14.6, Jesus declara: “Eu sou .... a verdade”. João 17.17 afirma: “A tua palavra é a verdade”. Primeira João 5.6 afirma seguramente que “o Espírito é a verdade”. O Espírito e a Palavra apontam para Cristo, “a verdade”.
O mundo faz as escolhas erradas em relação aos assuntos espirituais. A multidão preferiu matar o Príncipe da vida! Ela escolheu o contraventor, não o Legislador! Os judeus rejeitaram o verdadeiro Messias; no entanto, um dia, aceitarão o falso Messias, Satanás, o anticristo (5.43).
Os homens rejeitam Jesus por diversos motivos. Judas rejeitou Cristo, porque ouviu o diabo; Pilatos ouviu o mundo; Herodes obedeceu à carne. (o diabo, o mundo e a carne, são o fortalecimento da carne).
Pilatos diz: “É costume entre vós” (18.39). É triste constatar que Pilatos conhecia os costumes religiosos, mas não conhecia a Cristo! Ainda hoje, as pessoas são assim, cuidadosas em observar costumes e feriados religiosos, mas desconhecem o Salvador do mundo. A rejeição significa condenação eterna, e a fé vida eterna.