segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Habacuque - Introdução e Cap. 1

HABACUQUE
O Profeta da fé triunfante

Habacuque significa “aquele que toma alguém nos braços”. A sua missão foi dar consolo e encorajamento ao seu povo nos dias difíceis que atravessava. A partir da informação contida em 3.19 (para o cantor-mor sobre os seus instrumentos de música). Podemos concluir que Habacuque, além de profeta era cantor do templo e, portanto, levita. Outros dados sobre a sua pessoa e vida são desconhecidos.

ÉPOCA DE SEU MINISTÉRIO

Habacuque atuou em Judá por volta do ano 600 a.C. Em 1.6 se vê que o livro foi escrito na época do início do poderio babilônico. A Assíria foi ferida de morte com a tomada de sua capital, Nínive (612 a.C.) pelos caldeus. Estes, liderados por Nabucodonosor, venceram também o faraó Neco e subjugaram o Egito (606 a.C.), e a seguir foi Jerusalém que caiu em suas mãos. Jeoiaquim, rei de Judá, ficou por servo do rei da Babilônia. Foi nessa época que Habacuque exerceu seu ministério. Ele foi contemporâneo de Jeremias, com quem compartilhou os sofrimentos da época. A condição moral e religiosa é retratada em 1.2-4. O despertamento de Josias não tinha levado a resultados permanentes. E Habacuque vê no horizonte profético a aproximação de dias negros por conta dos babilônios que executarão o juízo de Jeová sobre o seu povo.

A MENSAGEM DE HABACUQUE

O livro de Habacuque se distingue dos demais livros proféticos porque o autor não se dirige primordialmente ao seu povo ou a outros povos, mas a Deus.
O livro encerra uma dupla mensagem:

1.                  O Juízo de Deus. O profeta diz a Deus que não pode compreender como um povo tão ímpio como os caldeus pode exercer o juízo sobre Judá. E Jeová mostra a Habacuque que os caldeus, por causa da sua soberba e de sua impiedade, serão destruídos. Eles são cinco vezes amaldiçoados por Jeová (2.6, 9,12, 15 e 19). Assim o atalaia pôde vislumbrar a decadência dos caldeus ainda no início do período de sua hegemonia. O livro encerra, portanto, preciosas lições sobre o domínio supremo de Jeová. Vemos em 2.14 e 3.3 uma alusão ao reinado universal de Cristo, quando ele regerá a terra como rei dos reis, em toda sua glória.

2.                  Mensagem de Conforto: “O justo pela sua fé viverá” (2.14). É uma das mensagens centrais da Bíblia. Habacuque, o profeta da fé triunfante, proclamou que nos dias maus que aproximavam, em meio a toda impiedade e apostasia, a fé no Senhor era a única salvação. A oração de Habacuque no cap. 3 é uma das mais belas obras poética do A.T., justificando designação dada à Habacuque que de “o salmista entre os profetas”. Todavia eu me alegrarei no Senhor (3.18), mostra-nos a fé em ação. Esta é a mensagem básica de Habacuque – viver pela fé.

Capítulo 1. – O PROFETA QUESTIONA

Você já observou a injustiça e a violência deste mundo e perguntou-se: “Por que Deus não faz alguma coisa a respeito de tudo isso?”. Parece que o perverso prospera, e o justo, sofre. As pessoas devotas oram, mas parece que as orações delas não fazem nenhum bem. O relato de Habacuque encara esse problema e esclarece-o. Observe os três atos desse drama pessoal em que o profeta enfrenta suas dúvidas e encontra certeza em sua fé.

A:      PORQUE DEUS ESTÁ EM SILÊNCIO E INATIVO? (vv. 1-4)
Esse é o primeiro problema que confunde o profeta. Ele olhou para o mundo e viu violência (1.2-3, 9; 2.8, 17), iniqüidade, opressão, contenda e litígio. A lei não era imposta, não havia proteção legal para o inocente que era sentenciado como culpado. As cortes eram manipuladas por advogados egoístas e juízes cruéis. Toda a nação sofria por causa da perversidade do governo. No entanto, parecia que Deus não fazia nada a respeito disso. Ao lado desses problemas internos, havia a ameaça do Império Babilônio que assolava o cenário político.
Nos vv. 5-11, Deus responde ao profeta: “Realizo, em vossos dias, obra tal, que vós não crereis, quando vos for contada. Pois eis que suscito os caldeus para apoderar-se de moradas que não são suas [para conquistar as nações e ser meu instrumento de disciplina para o povo]”. Como é verdadeiro que Deus opera em  nosso mundo, e nós não percebemos isso (Rm. 8.28; 2 Co 4.17). Em Atos 13.41, Paulo cita o v. 1.5 e aplica-o à propagação do evangelho entre os gentios. Nesses versículos, o Senhor descreve o exército caldeu, e a imagem não é das mais bonitas. Eles são amargos e impetuosos, pavorosos e terríveis, “voam como águia que se precipita a devorar”. Não é necessário contar a Habacuque como os caldeus são terríveis, pois ele já sabia como eles eram perversos.

      B.          COMO DEUS PODE USAR UMA NAÇÃO TÃO PECADORA PARA UMA CAUSA SANTA? (vv. 12-17)
A resposta que Deus fornece nos vv. 5-11, apenas cria novos problemas para Habacuque. Ele não entendia como o Senhor podia usar uma nação tão perversa para disciplinar seu povo escolhido, os judeus. Habacuque afirma algo em que quer dizer isto: “É verdade que nós pecamos e merecemos o castigo, mas os caldeus são muito mais perversos que nós. Se alguém merece disciplina, estes são os caldeus”. Um Deus santo pode sentar e assistir a seu povo ser pego como peixe ou pisado como inseto (vv. 15-15)? Os caldeus poderiam se vangloriar desta forma: “Nossos deuses deram-nos vitória. Jeová não é o Deus verdadeiro”.
Não há nada de errado com o fato de o crente lutar com os problemas da vida e tentar resolvê-los. Às vezes, parece que Deus não se importa com seu povo, que abandonou os seus e ajuda os pagãos. Muitos milhões de crentes foram martirizados por causa de sua fé. Podemos: adorar, crer e servir com honestidade a um Senhor cujos caminhos são aparentemente tão contraditórios?

Aguardem o próximo capítulo.