segunda-feira, 7 de setembro de 2009

PRECIOSAS LIÇÕES DE UMA VELHA HISTÓRIA


Os perigos de usar cargos religiosos para vantagem pessoal

Como você sabe, boa parte de I e II Reis, no Antigo Testamento, é semelhante ao conteúdo dos livros de Crônicas. Entre os muitos nomes de reis e rainhas, e as breves descrições de seus reinos, encontra-se a intrigante história de Naamã (II Reis 5).
Naamã era comandante do exército da Síria, um poder regional. Rico e poderoso era respeitado por seus comandados, devido a sua bravura. Lamentavelmente, porém, era leproso, nada podendo fazer contra sua terrível doença.

FONTE DE ESPERANÇA
A história começa com uma menina de Israel que havia sido capturada por saqueadores sírios e levada como escrava para a casa de Naamã. Essa menina poderia ter se tornado totalmente arrasada e infeliz em sua situação – capturada por homens armados, conduzida para uma terra distante e forçada a trabalhar como escrava, numa sociedade pagã. Ela, contudo, manteve vivas, em seu coração, a fé e a esperança de sua família. Percebeu que, mesmo numa terra estranha, sob circunstâncias adversas, Deus tinha uma obra para ela realizar.
Ao saber da condição de Naamã, ela disse a sua patroa: “Tomara o meu senhor estivesse diante do profeta que está em Samaria. Ele o restauraria da sua lepra” (II Reis 5.3).
Alguma coisa na atitude e coragem da menina levou Naamã a crer nela. Com a permissão do rei, o comandante partiu para Samaria, com prata e ouro em suas mãos, além de dez vestes festivas. O rei sírio deu-lhe uma carta para ser entregue pessoalmente ao rei de Israel. “Logo, em chegando a ti esta carta, saberás que eu te enviei Naamã, meu servo, para que o cures da sua lepra” (Verso 6).
Esta é a maneira como o mundo trabalha: apela-se a quem se conhece. Você consegue o eu deseja quando se serve de sua posição e usa amizades. No caso do rei da Síria, porém, o método não funcionou. O rei de Israel era tão impotente para resolver o problema da lepra quanto Naamã.
Quando o lado vulnerável dos poderosos é desmascarado, o resultado é a desconfiança. “Acaso, sou Deus?” o rei de Israel perguntou. “Notai, pois, e vede que o rei da Síria procura um pretexto para romper comigo” (verso 7). Felizmente, o profeta Eliseu tinha ouvido sobre o incidente e enviou uma mensagem ao aflito rei: “Deixa-o vir a mim, e saberá que há profeta em Israel” (verso 8).
Então, Naamã foi com sua comitiva ao encontro de Eliseu em algum lugar da montanhosa região de Samaria. Ele, entretanto, não encontrou Eliseu, mas o seu servo, eu reproduziu as palavras do profeta: “Vai, lava-te sete vezes no Jordão, e a tua carne será restaurada, e ficarás limpo” (verso 10).
Isso foi demais para o segundo homem mais poderoso da Síria. Ele estava num país estrangeiro, em pé num solo poeirento, protegido por sua guarda pessoal, com dez talentos de prata, seis mil ciclos de ouro, dez vestes festivas e uma carta nas mãos. E, então, foi informado por um servo que devia lavar-se num pequeno e insignificante rio. Que humilhação! “Não são, porventura, Abana e Farfar, rios de Damasco, melhores do que todas as águas de Israel? Não poderia eu lavar-me neles e ficar limpo? E voltou-se e se foi com indignação” (verso 12).
Seus assistentes, porém, levantaram a cabeça e lhe deram um sábio conselho: “Meu pai, se te houvesse dito o profeta alguma coisa difícil, acaso não a farias?: Quanto mais, já que apenas te disse: Lava-te e ficarás limpo” (verso 13). Então, Naamã engoliu seu orgulho, seguiu o conselho de Eliseu e foi curado.
Ao invés de voltar imediatamente para a Síria, Naamã retornou com sua comitiva ao humilde lar de Eliseu. Uma noa idéia havia brotado em sua mente. Naamã compreendera a verdadeira fonte de poder e auxílio. “Eis que, agora, reconheço que em toda a terra não há Deus, senão em Israel”, ele disse diante do profeta e seus acompanhantes (ver versículo 15).
Naamã, porém, não conseguiu convencer Eliseu a aceitar nada de suas mãos. Intrigado com a recusa do profeta, Naamã retornou a Síria curado, convertido e feliz.
Gostaríamos que a história terminasse aqui. Infelizmente, não foi assim. O servo de Eliseu, Geazi, não entendeu por que seu mestre agira daquela maneira. Admitiu que Eliseu havia perdido uma oportunidade singular de cobrar alguma coisa pelo milagre e assim conseguir uma aposentadoria antecipada – juntamente com seu servo, obviamente! Então, Geazi correu atrás de Naamã e, usando uma história fantasiosa, pediu ao comandante que lhe desse dois talentos de prata e duas vestes festivas.
A primeira mentira de Geazi, no entanto, forçou-o a mentir a Eliseu, quando retornou. A punição por sua ambição foi rápida: “A lepra de Naamã se pegará a ti”, disse o profeta (verso 27). Ao se retirar, a lepra de Geazi era tão branca quanto a neve.

TRÊS LIÇÕES
Podemos aprender pelo menos três lições dessa dramática história.
1. Não há pessoas insignificantes no grande plano de Deus. Nesta história, as pessoas importantes não são os ricos e poderosos; ao contrário, são os servos. A escrava é a fonte da notícia de que havia um profeta em Israel, e uma fiel testemunha da cura milagrosa. Os Oficiais de Naamã representam os que evitam que seu senhor fuja com raiva, encorajando-o a vencer seu constrangimento e a cumprir a singela ordem de Eliseu.
A Bíblia nos relembra, com freqüência, que Deus usa pessoas comuns para retratar Suas mensagens e cumprir Sua ordem – os desconhecidos servos neste milagre; os pastores de Belém; os pescadores da Galiléia; as mulheres junto à sepultura. Mesmo crianças têm valor na realização da obra de Deus no mundo.

2. O perigo de usar cargos religiosos para vantagem pessoal. Temos oportunidades de servir em diferentes maneiras: através de evangelismo, educação, assistência médica, desenvolvimento, serviço. São divinas responsabilidades que podem representar uma grande diferença na vida de muitas pessoas.
Mas, às vezes, nos esquecemos de que somos apenas canais dos recursos que Deus envia por meio da organização, para que outros sejam abençoados. Por vezes somos tentados a tirar vantagem de nossa posição ou autoridade, para conforto ou benefício pessoal, transformando nosso ministério em mercantilismo. O caso de Geazi é uma forte advertência de que devemos ser transparentes em nossas transações, para não sermos obstáculo aos que buscam a verdade, esperança, cura e salvação.

3. Esta interessante história nos leva a perguntar: a quem ou a quê nos dirigimos em nossos momentos de angústias? Riqueza, poder, posição e amizades não puderam ajudar o comandante da Síria. Ele tinha tudo isso, e podia depender disso para sua libertação. Mas poder e riqueza são dons, não garantias. A fé do comandante Naamã estava firmada em coisas erradas.
A quem recorreremos em busca de auxílio em tempos de sofrimento ou necessidade? Onde colocamos nossa fé quando nos sobrevêm crises? Em nossas próprias forças? Em nossos investimentos? Em nossas amizades? Nossa inteligência? Quando ministramos às necessidades dos outros, a quem eles dão crédito? Eles nos vêem? Ou vêem em nós servos desconhecidos de um magnificente Deus?

A única segurança verdadeira nesta vida encontra-se no relacionamento com Deus, o Criador dos céus e da Terra. Somente por meio de um seguro relacionamento com Ele estamos prontos para ajudar nossas igrejas e nossas comunidades.

Pr. Gualter Guedes

Um comentário:

  1. Pois é Pastor, infelizmente, nos dias atuais, temos percebido que não raro um ou outro que se auto intitula "Pastor" ou isso ou aquilo, tem tentado obter essas ditas vantagens em função do cargo ou título. Para esses fica a lição de Naamã. Humilhai-vos pois debaixo das potentes mãos do Senhor. Abraço. Carlos Américo.

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