segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

A escolha do simples ante as riquezas do mundo

João 2. 1-12

         O texto que temos diante de nós é muito conhecido. Isso pode ser bom por que pisamos um terreno que nos é familiar. Por outro lado, pode ser prejudicial pois, em virtude de já estarmos acostumados com ele corremos o risco de perder de vista a riqueza dos detalhes a sua tessitura1.
         O texto, às vezes se parece com um quadro antigo, é preciso remover-lhe a poeira para que possamos vê-lo em todas as suas nuances. Para enxergar bem um texto é preciso, retirar a poeira das camadas de interpretações que o tempo legou para não fazer uma leitura condicionada do texto.
         Nesse texto, já tão familiar, consigo enxergar nas atitudes de Jesus e no fato em si, sinais de subversão. Aliás a palavra subversão, precisa ser resgatada de uma conotação puramente negativa. A subversão de Jesus é positiva. Ele está confrontando a velha ordem de uma religiosidade mecânica e escravizante para estabelecer uma nova cheia de vida, liberdade e espontaneidade.
         Por isso, quero convidá-los acompanhar comigo alguns dos aspectos desse episódio em que Jesus quebra as nossas expectativas triunfalistas e espetaculares para, subvertendo a ordem, realizar o incomum e o extraordinário,  em meio às coisas comuns, simples e cotidianas.

         1. Jesus está presente nos eventos simples da nossa vida comum.
              O primeiro milagre de Jesus Cristo não é em um culto. Nem no Templo. É significativo que o primeiro milagre de Cristo acontece em um evento social de uma pequena aldeia. Nós costumamos associar a presença de Cristo ao culto, ao templo, a reuniões de orações. E tudo isso é verdadeiro e é de profunda importância para a vida do Crente. Jesus tinha pouco tempo para realizar o seu ministério, mas ele não considerou perda de tempo atender a um convite para ir a um casamento. Não podemos aqui, nos esquecer que uma festa de casamento podia durar até uma semana.
              Se enquanto aqui na terra Jesus participava de eventos da vida cotidiana, também é verdadeiro que hoje, ressurreto, ele está presente nos eventos da nossa vida comum. Ele vai conosco em nossas festas de aniversários, no nosso veraneio, quando namoramos, etc.
              Quando vamos a Igreja não vamos nos encontrar com o Senhor; vamos nos encontrar com os irmãos para adorá-lo, pois ele estava conosco em casa, estava conosco quando chegamos e estará conosco quando sairmos.
              A dicotomia culto-vida, é perigosa pois nos leva a uma religiosidade e uma ética de ocasião. É importante entender que Jesus está conosco em todos os momentos de nossas vidas. E temos que tomar cuidado, porque muitos acham que saindo do culto, Cristo não estará mais com ele. Um grande engano. Por isso digo: Quando vamos a Igreja, vamos nos encontrar com nossos irmãos para juntos adorá-lo.

         2. Jesus está presente nos eventos de gente comum.
              Não há menção do nome dos noivos, da sua posição, é gente comum. Com certeza os seus nomes nem estavam presentes nas colunas sociais de Israel. Não era ninguém da alta sociedade, não estavam muito preocupados se a roupa era fashion ou era básica; (conjecturando) os convidados não tinham comprado roupa na “Daslu”, talvez na Riachuelo ou até mesmo em uma loja mais popular.
              Jesus estava ali, aquele que criou todas as coisas e que sem ele nada do que foi feito se fez, não se impressiona com títulos de nobreza, com saldo da conta bancária, com posições sociais ou eclesiásticas. Mas, se convidado e quando as portas se abrem ele vai à casa dos simples, como este casal de noivos, ou quando lhe convém na casa dos rejeitados como a de Zaqueu.
              Pode ser que o prefeito não visite a sua casa, muito menos o governador ou o presidente. Mas Jesus, não se escusa de estar lá.

         3. Jesus está preocupado com os dramas comuns da nossa vida.
              O primeiro milagre de Jesus acontece por causa de um drama social a falta de vinho em uma festa de casamento.
              Sempre que fazemos uma festa temos uma preocupação: que não falte nada aos convidados. Nos preocupamos com os detalhes. A casa fica toda arrumada.
              Colocamos a melhor toalha no banheiro. A roupa de cama mais bonita. Arrumamos tudo, não queremos que nada esteja errado.
              Naquela época não era diferente, aliás, era muito mais levado em conta por causa da cultura da hospitalidade que até hoje é muito forte naquela região. O convidado tem que ser bem tratado.
              Agora vocês imaginem uma festa de casamento, e no meio da festa faltar o vinho.
              Para os rabinos o vinho era o símbolo da alegria, não podia faltar em uma festa judaica, ainda menos, em um casamento.
              O primeiro milagre de Jesus atende a um problema comum a todos nós. Sobrou convidado, faltou o bolo na festa, e sabemos que para nós, o que não pode faltar é o bolo.
              Creio que esse episódio quer nos ensinar que Jesus está preocupado com os pequenos problemas da nossa vida.
              Ele é o Deus a quem recorremos na mais profunda angústia, mas é o Deus a quem recorremos, também, nos aspectos de nossa vida cotidiana.
              Há um conceito errôneo de que não devemos incomodar a Deus com coisas pequenas, como se Deus fosse como nós que nos aborrecemos e nos impacientamos às vezes até exageradamente.
              Como um Deus amoroso ele nos entende e nos acolhe até mesmo nas pequenas coisas da nossa vida. Pedro em sua carta no Cap.5.7 diz: Lançando sobre Ele  toda a vossa ansiedade, porque Ele tem cuidado de vós.
       
         4. Jesus usou objetos dos rituais religiosos para um propósito aparentemente comum.
              Aqueles potes eram para purificação ritual, Jesus os transforma em objetos da promoção do lúdico2 , do festivo.
              Não é por acaso que João coloca o episódio da purificação do templo logo após a festa de casamento, há um contraste intencional por parte do evangelista.
              Durante muito tempo, por força de uma tradição que não defluia da Bíblia, o culto tinha uma imagem soturna3 e triste. Era pesado e cheio de algemas. Não pode se mexer, não pode levantar a mão, não pode sair do canto, não pode cumprimentar o irmão. Reverência parecia sinônimo de: triste, funesto. Algumas Igrejas, até colocavam como ameaça: “O Senhor está no seu santo templo, cale-se diante dele...” Se é pra levar para o literal ninguém podia cantar, nem orar, nem pregar. A igreja tinha que ser composta de mudos.
              Reverência não era sinal de respeito, de percepção da majestade e da grandeza de Deus. Mas imobilidade, mumificação. Tudo era programado e robotizado.
              Penso que era para espantar a espontaneidade e a alegria. A liturgia era tão rígida e fechada que não tinha lugar nem para o Espírito Santo.
              Era a ditadura, o despotismo do ritualismo. No tempo de Jesus não era diferente, o que era um meio, virou um fim em si mesmo.
              Jesus rompe com os conceitos de sacralização da época. Ele profaniza o sagrado e sacraliza o profano.
              Sagrado para Jesus não é o que o homem estabelece, mas, aquilo que Deus assim o considera. É por isso que Ele disse aos escribas e fariseus: “vocês me honram inutilmente ensinando doutrinas e preceitos que são de homens e não de Deus.” Mat. 15.9.
              Quantas divisões de igreja, quanta dissensão entre irmãos, ditas em nome de Jesus, por causa de questões insignificantes que na verdade eram idiossincrasias e manias de certos crentes. Há muita esquisitice, muita tresvaria, muita loucura, muito delírio sendo cometido em nome de Jesus.
              As talhas eram para purificação? Não tem problemas, Jesus as usa para fazer o vinho da festa. A velha ordem ritualística perde o seu sentido. Ele acaba como o fetichismo dos objetos. Santo é Ele. Santo é o que ele santifica. O homem foi feito para ser servo de Deus não escravo de ritos humanos.
              Deus não está restrito às paredes de um templo. Nem o universo pode conte-lo. Mas Ele faz do homem a sua habitação.
              Jesus usa objetos da purificação para fazer a festa na casa e purifica o templo com um chicote. Na festa Ele faz milagre, no Templo Ele se revolta. Às vezes queremos ensinar a Deus o que é santo e o que é profano. Pedro viveu essa experiência no episódio do lençol conforme está no livro de Atos dos Apóstolos Capítulo 11.
              Chegou ao conhecimento dos apóstolos e dos irmãos que estavam na Judéia que também os gentios haviam recebido a palavra de Deus. Quando Pedro subiu a Jerusalém, os que eram da circuncisão o argüiram, dizendo: Entraste em casa de homens incircuncisos e comeste com eles. Então, Pedro passou a fazer-lhes uma exposição por ordem, dizendo: Eu estava na cidade de Jope orando e, num êxtase, tive uma visão em que observei descer um objeto como se fosse um grande lençol baixado do céu pelas quatro pontas e vindo até perto de mim. E, fitando para dentro dele os olhos, vi quadrúpedes da terra, feras, répteis e aves do céu. Ouvi também uma voz que me dizia: Levanta-te, Pedro! Mata e come. Ao que eu respondi: de modo nenhum, Senhor; porque jamais entrou em minha boca qualquer coisa comum ou imunda. Segunda vez, falou a voz do céu: Ao que Deus purificou não consideres comum. Isto sucedeu por três vezes, e, de novo, tudo se recolheu para o céu. E eis que, na mesma hora, pararam junto da casa em que estávamos três homens enviados de Cesaréia para se encontrarem comigo.
              Creio que esse episódio nos ensina a não querermos tomar o lugar de Deus colocando sobre os outros, fardos inúteis e desnecessários, usos e costumes que não refletem o desejo do coração de Deus, mas, os nossos gostos e as nossas vontades. Deus não tem predileção por calça comprida ou saia. Uma não é mais sagrada do que a outra. A palavra de Deus condena: a exposição do corpo, a roupa sensual, a vaidade.
              Não foi Deus que instituiu o paletó e a gravata. Embora os use não me considero mais santo ou menos pecador por estar usando. Talvez, mais elegante, apesar da protuberância abdominal. Não foi Deus quem estabeleceu que o órgão é mais santo do que a bateria, fomos nós. Jesus, não está preso às convenções humanas, conceitos ou preconceitos. Ele está sempre destruindo essa perigosa e sutil forma de idolatria.

         5. Os grandes eventos da vida de Cristo acontecem em lugares simples, até rústicos.
              Jesus nasce em uma estrebaria é posto numa manjedoura, junto com animais; inicia o seu ministério com um milagre numa humilde casa de uma pequena  aldeia e morre em uma rude cruz fora da cidade... Deus não se impressiona com os vitrais das grandes catedrais. Com os diplomas das grandes universidades, com a pompa das grandes festas. Deus ri da tolice e da vaidade humana.
              Não é no templo de Jerusalém o centro da vida econômica que Jesus nasce e exerce o seu ministério. Grande parte do seu ministério. Jerusalém, é na verdade o lugar do confronto. Ele é morto e sepultado fora dela. Deus não se impressiona com as estatísticas evangelísticas, nem tem compromisso com os títulos ministeriais, ou com as grifes da fé.
              Muitas vezes o seu poder se manifesta nas congregações acanhadas das periferias, os seus milagres acontecem em pequenas reuniões de gente simples e desconhecida, pois a glória só pertence a Ele. Ele não atende aos cartazes que anunciam os seus milagres. Visto que Ele não foi consultado e Ele não obedece a nossa agenda. Ele é livre e soberano.

              Conclusão: a nossa época é a época do espetacular, do mega, do grandes números, das grandes estatísticas. Achamos que as coisas grandes é que são importantes, que as coisas de muito valor é que são importantes. Jesus, porém, vem nos ensinar a buscá-lo e a experimentá-lo nas coisas da nossa vida cotidiana.
              Lavando a louça, passando a roupa, lavando o carro, brincando com os filhos e com os netos. Sorrindo com os amigos, passeando no shopping, conversando com os vizinhos, visitando os irmãos. O Jesus do culto está conosco a cada instante.
              Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens. Irmãos, reparai, pois, na vossa vocação; visto que não foram chamados muitos sábios segundo a carne, nem muitos poderosos, nem muitos de nobre nascimento; pelo contrário, Deus escolheu as coisas loucas do mundo para envergonhar os sábios e escolheu as coisas fracas do mundo para envergonhar as fortes; e Deus escolheu as coisas humildes do mundo, e as desprezadas, e aquelas que não são, para reduzir a nada as que são; a fim de que ninguém se vanglorie na presença de Deus.      I Coríntios 1.25-29.

(1)     Tessitura – 1. Conjunto de sons que convêm melhor a uma voz ou a um instrumento. 2. Contextura, organização.
(2)     Lúdico – Relativo a, ou que tem caráter de jogos ou divertimentos.
(3)     Soturna – 1. Sombrio, tristonho. 2. Lúgubre, medonho.

Pr. Gualter Guedes

sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

JESUS COMO O FILHO DO HOMEM (João Cap. 2)

Algumas igrejas transmitem o ensinamento falso de que Cristo fez milagres na infância, e João 2.1 afirma com clareza que a transformação da água em vinho foi o primeiro milagre que ele realizou. Lembre-se que João registrou esses sinais como a finalidade de provar que Jesus é Deus (Jo. 20.30-31) e para que, assim, as pessoas cressem nele e fossem salvas. Faremos um estudo triplo desse milagre a fim de vermos suas lições: dispensacionais (o retrato do fracasso de Israel), doutrinais (Como o pecador é salvo) e práticas (Como servir a Cristo).

1.       Lições dispensacionais (2.1-12)
O fracasso de Israel – Israel desconhecia o seu próprio Messias. Em 1.26, João Batista afirmou: “No meio de vós, está quem vós não conheceis”.  Esta festa de casamento é um retrato da nação: o vinho acabou, o suprimento das pessoas tinha acabado, contudo o Messias delas estava lá para ajudá-las. As seis talhas eram usadas para as cerimônias de purificação (veja Mc. 7.3-15), todavia  os cerimoniais judaicos não puderam impedir a ruína espiritual da nação. Esta não tinha alegria (na Bíblia, o vinho é um símbolo de alegria – Veja Salmos 104.15 e Juízes 9.13), e nem esperança. O povo tinha cerimoniais externos, mas não tinha nada que satisfizesse seu interior.
Um dia, Cristo trará a alegria de volta a Israel, quando essa nação o receber como seu Rei. Israel se casará de novo com seu Deus (veja Is. 54 e Os 2), e o vinho dessa alegria jorrará livremente, e revelar-se-á a glória de Cristo (Jo. 2.11). Até que chegue esse dia, Cristo  tem de dizer a Israel: “Que tenho eu contigo?” (Jo. 2.4). A nação rejeitou-o e não o receberá até o dia em que ele retornará em glória e em poder.

2.      Lições doutrinais
Como o pecador é salvo. Se observar as notas introdutórias a João, verá que os sete sinais mostram como o pecador é salvo e os efeitos disso em sua vida. O primeiro milagre mostra-nos que a salvação acontece por intermédio da Palavra de Deus. Atente para os símbolos aqui.

A.    Uma multidão sedenta – Esse não é um retrato do mundo perdido de hoje? As  pessoas experimentam os prazeres do mundo, mas não encontram satisfação pessoal e, por fim, afastam o que poderia preenchê-las. A Bíblia convida o pecador sedento a vir a Cristo em busca de salvação e de satisfação (Jo 4.13,14; 7.37; Is 55.1; Ap 22.17).
B.    Talhas Vazias – Elas representam a dureza e o vazio do coração humano. A Palavra de Deus compara o ser humano e um vaso de barro (2 Co 4.7; 2 Tm 2.20,21). Sob o aspecto exterior, a vida do pecado pode parecer encantadora, mas Deus vê o vazio e a inutilidade dela e sabe que, a menos que consiga fazer um milagre divino, isso não mudará.
C.    Cheias de água – Na Bíblia, a água para lavagem é uma imagem da Palavra de Deus. (Veja Ef. 5.26; Jo 15.3) Tudo que os servos tiveram de fazer foi encher as talhas com água, como o servo de Deus enche o coração do descrente com a Palavra do Senhor. Nosso trabalho não é salvar almas mas dar a Palavra às pessoas e deixar Cristo realizar o milagre da salvação.
D.    Água em vinho – Cristo pode realizar o milagre e trazer alegria quando o coração do pecador estiver cheio com a Palavra. Em Atos 8.26-40, Filipe encheu o etíope com a Palavra, e o milagre da salvação aconteceu quando o homem creu. O etíope seguiu seu caminho cheio  de júbilo. Em Jo 1.17, repare na afirmação: “A lei foi dada por intermédio de Moisés”; no Antigo Testamento, transformou-se a água em sangue (Êx. 7.19), um sinal de julgamento. No entanto  Cristo transformou a água em vinho, o que fala de graça e de alegria. O vinho simboliza a alegria do Espírito Santo.
E.    O terceiro dia – Isso prenuncia a ressurreição, já que Cristo ressuscitou dos mortos no terceiro dia, Era o terceiro dia a partir do “dia imediato” (1.43), que vem a ser o quarto dos dias sobre os quais João escreveu no capítulo 1 (dia n° 1 – vv. 19-28; dia n° 2 – vv. 29-34; dia n° 3 – vv. 35-42; dia n° 4 – vv. 43-51). Talvez João, quando escreveu a respeito  dessa primeira semana da “nova criação”, tivesse Gênesis 1 em mente.
F.     O início dos milagres – A salvação é o início dos milagres, pois Deus, depois que a pessoa é salva, realiza um milagre após outro para ela, e os milagres que vivenciamos glorificam a Cristo.

3.      Lições Práticas
       Como servir a Cristo – Todos os que servem a Cristo deviam atentar para as palavras de Maria: “Fazei tudo o que ele vos disser” (2.5). Provavelmente, os servos acharam uma loucura encher as talhas de água, no entanto Deus usa as coisas loucas para envergonhar os poderosos (1 Cor. 1.27). Devemos obedecer a Cristo e levar a Palavra do Senhor aos homens, se quisermos vê-los salvos. O que salva as almas é a pregação e o ensino da Palavra, não recreação ou divertimento. Cristo faz sua parte, se fizermos a nossa.
        Os servos sabiam de onde vinha o vinho, mas as pessoas importantes da festa não sabiam. A pessoa aprende os segredos de Cristo quando lhe serve. (Veja Amós 3.7). Somos servos e amigos de Cristo (Jo. 15.15), e Ele nos conta o que faz. É muito melhor ser um servo de Cristo e participar de seus milagres que sentar à cabeceira no maior banquete.
        Devemos usar todas as oportunidades para servir a Cristo “quer seja oportuno, quer não” (2 Tm 4.2). Na festa de casamento, Jesus trouxe a glória para seu Pai.

                                                                                                                                                                      Pr. Gualter Guedes

domingo, 28 de novembro de 2010

CONHECENDO A VONTADE DE DEUS

Filipenses 2:13 “Porque Deus é o que opera em vós tanto o querer como o efetuar, segundo a sua boa vontade.”

Sabe aquela típica situação em que você não sabe que decisão tomar?

Você não sabe se "casa ou compra uma bicicleta"... Brincadeiras e analogias à parte, você certamente já deve ter passado por uma situação em que você gostaria que o próprio Deus aparecesse na sua frente e indicasse o caminho a ser seguido.

Deus deseja que conheçamos a vontade dEle e embora Ele não venha pessoalmente nos mostrar o caminho a ser percorrido, Ele, através da Sua palavra nos faz conhecedores de seu querer.

Como eu posso conhecer a vontade de Deus? Como eu posso saber se Deus quer que eu mude de emprego? Como eu posso saber se devo ou não me casar ou namorar aquele(a) moço(a)? Estas são algumas das indagações que nos surgem no curso da nossa vida.

Não há duvidas de que a palavra de Deus é o mais completo manual deixado ao cristão. Na Bíblia podemos encontrar respostas para todos os nossos questionamentos. Quando Deus quer que conheçamos a vontade dEle, primeiramente Ele a manifestara através da Sua santa palavra.

Pode ser através de um versículo lido, de uma ministração proferida ou de qualquer outro modo, o fato é que por meio de Sua palavra Ele mostrará aquilo que Ele deseja que você faça. Ele colocará algo em seu coração, confirmará e dará paz. A paz em seu coração é um dos primeiros indícios daquilo que deve ser feito.

Você pode também pedir para que Deus use pessoas idôneas, verdadeiros servos do Senhor para ajudar-te. Se Deus tem colocado algo em seu coração, peça a Ele que esteja usando pessoas para que venham confirmar aquilo que você tem sentido.

A Bíblia nos fala acerca de conselhos; veja o que diz Provérbios 8:12Eu, a sabedoria, habito com a prudência e acho a ciência dos conselhos”; 8:14Meu é o conselho e a verdadeira sabedoria: eu sou o entendimento, minha é a fortaleza”; e 15:22Onde não há conselho os projetos saem vãos, mas com a multidão de conselheiros se confirmarão”. Devemos buscar conselho de pessoas sábias, comprometidas com a causa de Cristo. Não saia por ai fazendo uma enquete acerca da decisão que você deve tomar. Lembre-se de que nem todos os conselhos estão de acordo com aquilo que Deus deseja. Daí a prudência na escolha daqueles que irão te orientar.

Antes de buscar um conselho, ore, coloque-se diante de Deus. Interceda pela vida da pessoa que estará conversando com você. Peça a Deus que aquilo que anteriormente Ele colocou no seu coração seja confirmado por essa pessoa. Procure algumas pessoas apenas, e peça para que Deus esteja usando-as como instrumento dEle em sua vida.

Jeremias 24:7 diz: "E dar-lhes-ei coração para que me conheçam, porque eu sou o Senhor; e ser-me-ão por povo, e Eu lhes serei por Deus..."

Devemos também observar as circunstancias. Pense comigo: você tem orado por uma viagem ao exterior. O sonho da sua vida é morar nos EUA; você faz uma serie de planos, pede demissão do emprego e vai atrás do visto. Você consegue a documentação necessária, se apresenta no consulado e... o visto é negado! Você pode achar que isso foi mero "azar", tenta de novo, e de novo e nada, a  resposta é negativa. As portas claramente se fecham para você. Quando estamos buscando a vontade de Deus acerca de algo, devemos também estar atentos as situações. Portas fechadas “podem” indicar que o caminho a ser percorrido não seja esse que você esta tentando.

Você esta orando pelo "Carlinhos", ele parece ser o homem da sua vida. Mas tem um pequeno detalhe: a tua família não pode nem ouvir falar no nome dele, e a dele, então..., não pode nem sonhar que você existe. Com tantas divergências, Deus pode estar querendo mostrar a você que o "Carlinhos", não é ainda aquele que Ele separou para você. Temos que entender que Deus muitas das vezes nos diz “não”, e temos que estar prontos a aceitar o “não” de Deus.

Estando na vontade de Deus conseguimos alcançar vitórias em nossas vidas e evitar muitos problemas que vemos irmãos de nossas Igrejas passarem, por simplesmente ter perdido a sensibilidade de ouvir a voz do nosso Deus.

Deus quer nos fazer conhecedores da sua vontade e Ele nos faz. Devemos apenas estar atentos aquilo que Ele quer nos mostrar, ouvindo o que o nosso coração diz, atento ao que a palavra santa diz, recebendo conselhos, em oração, de pessoas idôneas, e colocando aos pés dEle a nossa ansiedade “Oração”. Pois a resposta é:  “Ele tem cuidado de nós”.

Conselho:
Se você quer conhecer a vontade de Deus, coloque-se diante dEle e seja sensível a sua voz, aceitando o “sim” e o “não” que Ele quer para nós. 

Pr. Gualter Guedes

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

OS ERROS DE GEAZI (Lições que devemos aprender)

(II Reis 5:20b) - porém, vive o SENHOR que hei de correr atrás dele, e receber dele alguma coisa.

O profeta Eliseu foi usado por Deus para curar o general Naamã de sua lepra. Após ser curado, Naamã foi até a presença de Eliseu levando ouro, prata e roupas finas a fim de “recompensá-lo” por sua cura, o que não aceitou o profeta. A recusa de Eliseu nos dá a visão do caráter desse servo de Deus. Ao recusar os “presentes” Eliseu deixa claro que a sua relação com Deus não era no princípio da barganha, mas no princípio da soberania de Deus.
Seu servo Geazi ao ver sua atitude, achou que poderia facilmente lucrar, externalizando o seu verdadeiro caráter e resolveu correr atrás de Naamã e através de uma mentira tomar para si os presentes que estavam com Naamã.
Ao voltar à presença de Eliseu, o mesmo lhe perguntou onde ele esteve e mais uma vez ele mentiu. Só que dessa vez para o homem de Deus, tentando ocultar o que fizera, e trouxe para si uma conseqüência terrível e que alcançou toda a sua descendência.

A história de Geazi é um exemplo vivo de como podemos comprometer:
 Um futuro promissor.  Uma vida de compromisso com Deus. Uma vida de benção. Uma vida de grandes realizações. 

Muitas vezes as oportunidades se apresentam para nós por um mover de Deus e não conseguimos enxergar a dimensão de tal oportunidade. Jogamos fora como um pedaço de papel lançado ao vento e que nunca mais retorna a nossas mãos
Geazi estava ao lado de um grande profeta, de um homem que tinha compromisso com Deus, que tinha fidelidade e intimidade com Deus. Ele já tinha presenciado o que Deus fazia através da vida do profeta como, por exemplo, as águas de Jericó que eram más tornando a terra estéril e por uma palavra do profeta tornaram-se águas saudáveis, a multiplicação do azeite da viúva que impediu a escravidão de seus filhos, a ressurreição do filho da sunamita e a morte na panela que foi tirada proveniente de ervas que eram desconhecidas e que foram retiradas pelo próprio Geazi ao preparar uma refeição.
Geazi tinha a oportunidade de realizar grandes coisas para Deus e de deixar o seu nome marcado para sempre na história.
Você também pode realizar grandes coisas para Deus amado (a) do Senhor. Você pode deixar o seu nome marcado para sempre na história.
Mas Geazi teve algumas atitudes que o levaram a chegar a lugar nenhum e que podem também fazer o mesmo com você.

1ª. PENSOU QUE “TER” ERA MAIS IMPORTANTE DO QUE “SER” (v. 20) 
Hoje em dia vemos muitas distorções no meio evangélico levando as pessoas a pensarem que a questão de “ter” o máximo de benefícios materiais é sinal de uma vida de felicidade. Somos empurrados pela teologia da prosperidade acrescentando-se a isso um sincretismo religioso que desvia o foco dos “santos” da visão do Reino de Deus.

É um verdadeiro “vale tudo”, para “ter”:
- Casa / Carros / Casa de praia / Roupas finas / Jóias / Status

(Mateus 6:19) – Não ajunteis tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem tudo consomem, e onde os ladrões minam e roubam; 
(Mateus 6:20) – Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem consomem, e onde os ladrões não minam nem roubam.
Essas palavras são de Jesus após a oração do Pai Nosso. Agora como é que começa o Pai Nosso?
Pai nosso que estás nos céus / Santificado seja o teu nome / Venha a nós o Teu Reino / Seja feita a vossa vontade / Assim na Terra como no Céu / O pão nosso de cada dia nos dai hoje

Veja a escala de importância que devemos ter como prioridade:
1º. Santificar
2º. O Reino
3º. A vontade Dele
4º. Assim como é no céu também deve ser na Terra
5º. O pão nosso
Isso não significa que devemos abrir mão de todas as bênçãos materiais dessa vida porque elas são para todos aqueles que querem e obedecem a Deus.
Isaías 1:19 - “Se quiserdes e me ouvirdes, comereis o melhor desta terra.”
O problema não está em querer ter, mas sim em colocar o “ter” como prioridade ao invés do “ser”.

O equilíbrio em lidar com as bênçãos materiais passa primeiro em “ser”:
- Uma pessoa de caráter reto / Uma pessoa íntegra / Uma pessoa honesta / Uma pessoa respeitada / Uma pessoa confiável / Uma pessoa sincera / Uma pessoa amiga / Um adorador / Um intercessor / Um (a) servo (a) de Deus / Alguém compromissado com Deus / Alguém fiel a Deus / Alguém com intimidade com Deus / Alguém obediente a Deus / Alguém com a visão do Reino de Deus

Corremos diariamente o risco de pensarmos como Geazi, que o mais importante é ter a ouro, prata e roupas finas, do que ser “irrepreensível e sincero no meio de uma geração corrompida e perversa” como está em Filipenses 2:15 e ter aliança com Deus.
Jesus lidou com esta tentação quando o Diabo o levou ao alto de um monte e, mostrando-lhe todos os reinos do mundo e a glória deles, em (Mateus 4:8 e 9) disse-lhe: “Tudo isto te darei, se, prostrado, me adorares”.  E Jesus respondeu: “Ao Senhor teu Deus adorarás e só a Ele servirás.” Não importa o prejuízo financeiro e material que isso possa trazer primeiro devemos buscar o Reino e a Sua justiça (Mateus 6:33).
A Bíblia diz que é o amor ao dinheiro que é a raiz de todos males e não “o dinheiro”. E é por isso que muitos cristãos trazem sofrimentos terríveis para suas vidas! (I Timóteo 6:10).

2a. SAIU DO LADO DO HOMEM DE DEUS (ELISEU)
Sua atitude de sair do lado do homem de Deus e ir em direção aos “presentes” do mundo comprometeram a sua trajetória. Nosso futuro pode ser comprometido não por Deus, mas por nós mesmos ao tomarmos atitudes contrárias ao propósito de Deus para nossa vida. Geazi demonstrou com isso que a sua prioridade não era de servir a Deus, não era de estar debaixo da autoridade espiritual, não de estar aliançado, mas de algum benefício egoísta e individual. Geazi decidiu correr atrás de Naamã e quem corre atrás de Naamã, nunca chegará à frente, no propósito de Deus para sua vida.

Quem corre atrás de Naamã, corre:
Atrás da benção / Atrás do mundo / Atrás de ilusão / Atrás de algo que não lhe pertence / Atrás do que é passageiro

O que Geazi fez e que muitos hoje em dia fazem é correr na contramão da visão de Deus para suas vidas. 
Quem corre na contramão de Deus, corre:
Sem direção / Para não chegar / Para não conquistar / Para não consolidar

3a. QUIS TOMAR PARA SI AQUILO QUE NÃO LHE PERTENCIA
Geazi correu atrás para tomar algo de Naamã e quem quer tomar algo, na verdade quer ter algo que não é seu, mas de alguém.
Se o ouro, a prata e as roupas fossem para pertencer a alguém seriam de Deus.
Muitas pessoas estão correndo atrás de outras tentando tomar aquilo que não lhes pertence e usando o nome de Deus para suas más intenções.

Riquezas / Fama / Poder / Sucesso / Unção de Deus / Intimidade com Deus / Fidelidade à Deus / Revelação de Deus

Cada um tem seus bens, tem uma unção, uma intimidade, fidelidade, um compromisso, uma revelação. E isso não é tomado, isso é conquistado. E essa conquista vem através de uma atitude de buscar e não de tomar.
E que busca é essa?
(Mateus 6:33) – Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
Quando entendemos que a nossa primícia deve ser buscar a Deus acima de todas as coisas, todas as nossas necessidades são supridas. Porque quem vai buscar alguma coisa busca algo que já lhe pertence.
O Reino de Deus é para você! Busque, busque, busque…

4a. USOU A MENTIRA COMO FERRAMENTA PARA SEUS OBJETIVOS
Geazi utilizou a mentira com ferramenta para construir um sonho. Mas quem usa a mentira como ferramenta constrói apenas pesadelo.
Geazi mentiu para Naamã e podemos dizer que Naamã representava o mundo com sua materialidade. Geazi disse: “Hei de correr atrás dele e receberei dele alguma coisa.” (Vers.20) Quem mente para o mundo pode até conseguir um pouco de ouro, prata e roupas finas, mas a conta do mundo chega. Isso é passageiro!
Podemos constatar isso através dos escândalos na sociedade em geral.
Só que Geazi cometeu um erro maior e que determinou o fim trágico da sua história. Geazi mentiu para Deus.
Eliseu perguntou: “Donde vens, Geazi?” E respondeu ele“Teu servo não foi à parte alguma.” (Vers.25)
E Eliseu disse: “Por ventura não fui contigo em Espírito…”
(Provérbios 15:3) – Os olhos do SENHOR estão em todo lugar, contemplando os maus e os bons.
(Salmos 101:7) – O que usa de engano não ficará dentro da minha casa; o que fala mentiras não estará firme perante os meus olhos. 
Geazi teve a oportunidade de ser arrepender-se, de reconhecer o seu erro e pedir perdão, mas ele escolheu o caminho mais fácil, ele escolheu um atalho, o da mentira.
Quem escolhe um atalho corre o risco de se perder do caminho original.
Antes de chegar a esse episódio, um episódio anterior já contrastava as atitudes de Geazi como, por exemplo, na passagem da sunamita.

Veja as atitudes de Eliseu em comparação a de Geazi. II Reis 4.17:37 
Eliseu: 
- Vai tudo bem contigo, teu marido e com teu filho? (Amor ao próximo) 
- A sua alma está em amargura e o Senhor não me revelou. (Humildade) 
- Toma o meu bordão (Compartilhou o seu poder)
Geazi:
- Tentou arranca-la dos pés do profeta (Insensibilidade)
- Passou adiante deles (Soberba) 
- Não houve no menino nem voz e nem sinal de vida (Não tinha unção para tal)

Deus não permitiu que o milagre acontecesse por intermédio de Geazi porque conhecia o seu coração e sabia o que ele faria mais a frente. 
As atitudes de Geazi determinaram o seu fracasso. 
Geazi comprometeu toda sua vida por ir à contramão de Deus, na contramão da visão do Reino. E não comprometeu somente a sua vida, mas a vida de toda sua descendência porque todos os descendentes de Geazi nasceram leprosos. (II Rs.5.27). 
Não torne a sua vida “leprosa” por conta de suas escolhas. 
Você tem o direito de fazer suas escolhas. Só não tem direito de escolher as suas conseqüências. 
Geazi não chegou aonde Deus queria por sua inconseqüência. 
Quem corre atrás nunca chegará à frente. 
Quem corre em segundo nunca chegará em primeiro. 
Prossiga para o alvo, prossiga para Cristo, com Cristo e por Cristo e você alcançará tudo o que deseja. 
(Filipenses 3:14) – Prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus. 
Prossiga para chegar!