segunda-feira, 18 de abril de 2011

JESUS COMO A VIDEIRA VERDADEIRA (João Cap. 15)

João 14 encerra com a frase “Levantai-vos, vamo-nos daqui”, o que sugere que a conversa dos dois capítulos seguintes aconteceu a caminho do jardim. É provável que Cristo e os discípulos estivessem passando por uma vinha ou pelo templo com sua decoração de uma vinha de ouro quando ele faz a analogia da videira e do ramo. Esse capítulo divide-se em três seções: a parábola (vv. 1-11), o mandamento (vv. 12-17) e a advertência (vv. 18-27).

1.     A PARÁBOLA (15.1-11)
É importante lembrar que nem tudo em uma parábola deve ter algum significado. A parábola ensina uma verdade principal, e, muitas vezes, tentar explicar todos os seus detalhes é o primeiro passo em direção à má interpretação. Nessa parábola, o ensinamento principal de Cristo é a importância de a pessoa permanecer nele a fim de frutificar. A palavra “fruto”  é usada seis vezes, e “permanecer”, pelo menos, onze vezes (mas nem sempre é traduzida por “permanecer”). O ponto principal desse ensinamento é relacionamento, não filiação.
Seria inverter o sentido da parábola, usar o v. 6 para ensinar que o cristão perde sua salvação e queima no inferno se não frutificar. Em primeiro lugar, isso contradiz o ensinamento claro de outros versículos – João 6.27; 10.27-29; etc. Além disso, observe que o ramo de que Cristo fala no v. 6, primeiro seca, depois é jogado fora! Se esse ramo retrata um cristão que apostata e perde sua salvação, ele primeiro deve “secar”, depois deixar de frutificar e , a seguir, ser lançado fora. Permanecer em Cristo não quer dizer manter-nos em segurança. Significa viver segundo a sua Palavra e orar (v. 7), obedecer a seus mandamentos (v. 10) e manter nossa vida pura por meio da Palavra dele (vv. 3-4). O cristão que não permanece nele torna-se um ramo inútil, como o sal que perde o sabor e não serve para nada. Em 1 Cor. 3.15, é ensinado que nossas obras serão testadas pelo fogo. Os cristãos que não usam os dons e as oportunidades que Deus lhes dá os perdem (Lc. 8.18 e 2 Jo. 8).
Ser um ramo da videira significa estar unido a Cristo e compartilhar a vida dele. À medida que permanecemos nele, sua vida flui em nós, e frutificamos. O cristão carnal pode produzir “obras”, mas apenas o cristão espiritual produz frutos duradouros. Observe que o ramo frutífero é “limpo” (v. 2, mesma palavra usada no v. 3) a fim de que produza mais frutos. Deus limpa-nos por intermédio da Palavra a fim de purificar-nos para que frutifiquemos mais, o que explica por que o cristão dedicado, muitas vezes tenha que passar por provações. O crente glorifica o Pai à medida que se move ao dar “fruto” (v. 8). As evidências de uma “vida de permanência” em Cristo são: o sentimento do amor do Salvador (v. 9), obediência à Palavra (v. 10), oração respondida (v. 7) e alegria (v. 11).

2.     O MANDAMENTO (15.12-17)
Sem dúvida, os cristãos que permanecem em Cristo devem se dar bem com outros crentes! O amor pelo irmão é a marca do discípulo. Agora, Jesus chama seus discípulos de “amigos”. Sua morte na cruz provará seu amor por eles; agora, eles tinham de provar seu amor por Ele ao amar seu filhos. Amigos se amam e se ajudam. A obediência que Cristo nos pede é a do amigo, não a do escravo. Nós conhecemos a vontade dele e compartilhamos seus segredos, pois somos seus amigos e permanecemos nele. Somos lembrados de que Abraão era amigo de Deus, e o Senhor contou-lhe os planos que tinha em mente para Sodoma.

3.     ADVERTÊNCIA (15.18-27)
Cristo passa do amor ao próximo para o ódio do mundo. Por que o mundo odeia os cristãos? (1) Porque, primeiro, ele (mundo) odiou a Cristo, e nós pertencemos a Ele (1 Jo 3.13); (2) porque não pertencemos  mais ao mundo (1 Jo 4.5 e Jo 17.14); (3) porque o mundo tem rejeitado a Palavra dEle (v. 20); (4) porque ele (mundo) não conhece o Pai (veja 16.1-3); e (5) porque Cristo expôs o pecado do mundo.
Claro que Jesus se referia a todo o sistema da sociedade que se opõe a Cristo e ao Pai quando mencionou o “mundo”. Ele compõe-se de pessoas e organizações, de filosofias e objetivos que são anticristãos. Satanás, o arqui-inimigo de Cristo é o príncipe “do mundo” (Jo 14.30). Sob o aspecto espiritual, os cristãos não são do mundo, embora estejam nele. A velha imagem do barco e da água ainda se aplica aqui: não há nada de errado quando o barco está na água, mas quando a água está no barco, tome cuidado!
Os cristãos podem tornar-se mundanos, e eles fazem isso (como Ló) de forma gradual. Primeiro, ficam amigos do mundo (Tg. 4.4); a seguir, amam o mundo (1 Jo 2.15-17); e, por fim, conformam-se ao mundo (Rm. 12.2). Qualquer coisa que nos impeça de usurfruir o amor de Deus e de fazer sua vontade é mundana e deve ser afastada. Viver para o mundo e com o mundo significa negar a cruz de Cristo (Gl. 6.14). Como o cristão pode amar o mundo, se este odeia Cristo?
No v. 22-24, Cristo declara o princípio básico de que a revelação traz responsabilidade. As palavras e as obras dele revelam a vontade de Deus e a pecaminosidade do homem. A raça humana não tem desculpa. O fato de que Judeus e gentios juntaram-se no ódio e na crucificação de Cristo prova que todas as pessoas são pecadoras e culpadas diante de Deus.
Cristo citou Salmos 69.4 (v. 25) a fim de encorajar os discípulos. É a Palavra que nos fortalece nos encoraja. Ele também lhes prometeu o ministério do Espírito Santo. A obra do Espírito Santo é testificar a Cristo e apontar para Ele. Ele faz isso por intermédio da Palavra e das boas obras que os cristãos fazem com o poder do Espírito (Mt. 5.16). O Espírito testifica para os cristãos, e estes, para o mundo (vv. 26-27). Veja Atos 18.
Em suma, na primeira seção desse capítulo (vv. 1-11). O Senhor trata do relacionamento do cristão com Cristo. Nos versículos 12-17, o foco é o relacionamento entre os cristãos, e os versículos 18-27 falam do relacionamento do cristão com o mundo. Observe que o primeiro relacionamento apresentado é com o Salvador, pois, se permanecemos em Cristo, amamos nosso próximo e vencemos o ódio do mundo.

Pr. Gualter Guedes

domingo, 10 de abril de 2011

EXISTE ALGUÉM QUE VOCÊ PRECISA PERDOAR?

“...perdoando-vos uns aos outros... assim como Cristo vos perdoou...” – Colossenses 3.13

O maior poder que você tem sobre alguém que o fere é o poder do perdão. Quando você diz: “Eu o perdôo, já não tenho mais nada contra você”, os dois lados estão livres do vínculo negativo que existia entre vocês. Mas não é só isso: também nos libertamos do fardo de sermos “a pessoa ofendida”. Enquanto não perdoamos aqueles que nos magoaram, nós os levamos conosco, ou, o que é pior, nós os carregamos nas costas, e são pesados como um piano. Uma das nossas maiores tentações é a de nos agarrarmos com ira aos nossos inimigos, e depois dizermos que fomos feridos por eles. O perdão, portanto, não apenas liberta a outra parte, como também nos liberta! Ele é o caminho para a verdadeira liberdade. Agora, perdoar nem sempre significa esquecer. Embora possamos perdoar alguém, a lembrança do que ele Fez pode ficar conosco por muito tempo. Podemos levá-la nas nossas emoções como uma cicatriz, ou até no nosso corpo como um sinal físico. Mas o perdão muda a forma como nos lembramos do que aconteceu. Ele transforma a maldição em bênção. Quando perdoamos nossos pais pelo divórcio, nossos filhos pela falta de amor, nossos amigos pela infidelidade nos momentos de necessidade, nossos conselheiros pelos maus conselhos que nos deram, ou nosso patrão por nos tratar injustamente, não precisamos mais nos considerar vítimas dos acontecimentos sobre os quais não temos controle. O perdão permite que recuperemos nossa força, e que não deixemos que os acontecimentos nos amargurem, nos limitem ou nos destruam. Existe alguém que você precisa perdoar?

Pr. Gualter Guedes

sábado, 9 de abril de 2011

JESUS COMO O CONSOLADOR (João Cap. 14)

Porque o coração dos discípulos estavam perturbados? Cristo dissera-lhes que os deixaria (13.33), que um deles o trairia, e que a Pedro o negaria (13.36-38). Sem dúvida, isso perturbou a todos, pois viam Pedro como líder. Jesus mesmo expusera sua angústia interior (13.21), apesar de certamente seu espírito não se perturbar da mesma forma que o coração deles. Nesse capítulo, Cristo tenta confortar os Doze e acalmar o coração perturbado deles. Ele deu-lhes cinco motivos para que tinha de deixá-los e voltar para o Pai.

                1. PREPARAR UM LUGAR PARA ELES (14.1-6) 
Cristo fala do céu como um lugar real, não apenas como um estado mental. Ele retrata o céu como um lugar adorável em que o Pai habita. Na verdade, a palavra “casa”, em grego, significa “lugar de moradia”, o que se refere à perpetuidade de nossa casa celestial. O céu é um lugar preparado para pessoas preparadas. Cristo, o Carpinteiro (Mc. 6.3), está construindo uma casa celeste para todos os que crêem nele. E ele retornará a fim de receber os seus para ele mesmo. Mais tarde, em 1 Tessalonicenses 4.13-18, Paulo explica com detalhes. “Ausentes de corpo, presentes com o Senhor.” Cristo não poderia preparar a casa celestial para os seus se ficasse na terra.
Como os pecadores podem ter esperança de ir para o céu? Por intermédio de Cristo. Veja Lucas 15.11-24, a história do filho pródigo, ligando-a a João 14.6. O rapaz como o pecador, estava perdido (15.24), era ignorante (15.17 – “caindo em si”) e estava morto (15.24). Todavia, ele foi até o pai (15.20)! Ele estava perdido, mas Cristo é o caminho; ele era ignorante, porém Cristo é a Verdade; e ele estava morto (espiritualmente), todavia Cristo é a Vida! E ele chegou à casa do Pai quando se arrependeu e retornou para lá.

               2.  REVELAR O PAI PARA ELES (14.7-11)
Parece que Filipe tinha algum problema na vista: ele queria ver. Em 1.46, suas primeiras palavras foram: “Vem e vê”! Em João 6, ele viu a grande multidão e decidiu que Cristo não poderia alimentá-la (6.5-7). Os gregos foram até Filipe e disseram: “Senhor, queremos ver Jesus” (12.21). Jesus deixou claro que vê-lo era ver o Pai. No VS. 7, ele promete: “Desde agora o conheceis e o tendes visto”. À medida que conhecemos melhor Cristo, vemos o Pai pela fé.

                3. GARANTIR-LHES O PRIVILÉGIO DE ORAR (14.12-14)
Cristo supriu as necessidades dos discípulos enquanto esteve com eles (veja 16.22-24). Agora retornava ao céu, dava-lhes o privilégio de orar. Ele promete responder às orações a fim de glorificar o Pai. Orar em nome dele significa orar pela glória dele ao pedir tudo que ele mesmo desejaria. No VS. 12, as grandes obras referem-se aos milagres maravilhosos e às bênçãos, registradas em Atos, que os discípulos vivenciaram (veja Mc. 16.20; Hb 2.4). As obras que ele faz hoje por nosso intermédio são “maiores” no sentido de que nosso intermédio são “maiores” no sentido de que somos apenas vasos humanos, ao passo que ele era Deus encarnado ministrando na terra.

4. ENVIAR O ESPÍRITO SANTO (14.15-26)
Nesses próximos capítulos, Cristo tem muito a dizer a respeito do Espírito. Aqui, ele o chama de Consolador no real sentido da palavra. “A fim de que esteja para sempre convosco”. A palavra “outro” significa “outro do mesmo tipo”, pois o Espírito é Deus, da mesma forma que Cristo é Deus. O Espírito vivo, nos discípulos toma o lugar do Salvador vivo, que está ao lado dos discípulos. Ele também é chamado de “Espírito da verdade”. O Espírito usa a Palavra para condenar os pecadores e para orientar os santos, e a Palavra de Deus é a verdade (17.17). O mundo não pode receber o Espírito porque ele vem em resposta à fé.
Há muita discussão a respeito do que Cristo quer dizer com “Voltarei para vós outros” (v. 18). Literalmente, significa: “Eu venho para vós”, É provável que essa afirmação inclua diversas coisas: a volta de Cristo para os apóstolos após sua ressurreição; sua volta para eles por intermédio do Espírito; e sua vinda futura a fim de levá-los para o céu.
Nos vss. 21-26, Cristo fala a respeito do relacionamento profundo que os discípulos terão com o Pai e Filho por intermédio do Espírito. Eles pensavam que ficariam “órfãos” (o significado literal de “abandonados” – v. 18), mas, na verdade, a ida de Jesus para o Pai possibilita um relacionamento mais profundo entre os santos e seu Salvador. Esse relacionamento envolve a obediência (v. 21) e o amor à Palavra (v. 24). Envolver também o ministério de ensino do Espírito Santo (v. 26).  Os cristãos que reservam um tempo para aprender a Palavra e, depois, vivem-na, desfrutam de comunhão íntima e satisfatória com o Pai e o Filho. O amor por Cristo significa amar e obedecer a sua Palavra pelo poder do Espírito Santo; não é uma emoção superficial a respeito da qual conversamos. Em 14.1-3, Jesus fala a respeito da ida dos santos para o céu a fim de morar como o Pai e o Filho; no entanto, aqui, ele fala do Pai e do Filho, virem morar com os santos.

 5. GARANTIR A PAZ QUE ELE PROVÊ (14.27-31)
Como os discípulos precisavam de paz! A paz que Cristo dá não é como a do mundo, nem ele a dá da mesma forma que o mundo faz. A paz de Cristo repousa no âmago do coração, sempre nos satisfaz e dura para sempre, enquanto a do mundo é superficial, insatisfatória e temporária. A paz de Cristo mora no coração; a do mundo é exterior e aparente. Cristo, por meio de sua morte, ressurreição e ascensão, deu-nos “paz com Deus” (Rm 5.1), enquanto os psicólogos falam de “paz de espírito”. Filipenses 4.4-9 resume como o crente pode ter a paz de Deus.
A frase “O Pai é maior do que eu” (v. 28) refere-se ao tempo que ele passou na terra. Ele, como Filho de Deus, é igual ao Pai; como Filho do Homem, em um corpo humano, ele foi obediente ao Pai, o qual deu a Cristo as palavras que disse e as obras que realizou (14.10,24).
Cristo derrotou Satanás, o criador da confusão e do desassossego, ao morrer na cruz e voltar para o céu (v. 30). No vs. 31, Cristo assegura aos discípulos que a cruz a fim de que eles não pensem que sua morte é uma tragédia ou um engano. Ele morreu porque o Pai ordenou, e Cristo veio ao mundo para fazer a vontade do Pai.

Pr. Gualter Guedes